O ESMO 2017 trouxe dados importantes nas áreas de cabeça e pescoço e câncer de mama. A seguir, estão destaques selecionados por membros da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Cabeça e pescoço
O ESMO 2017 foi uma complementação do último ASCO na área de cabeça e pescoço, conforme avalia a Dra. Aline Lauda, membro da diretoria da SBOC eleita para a gestão 2017/2019. O estudo de fase 3 de maior destaque foi o Checkmate 141 (1043O). A conclusão da apresentação foi que, em um seleto grupo de pacientes com carcinoma epidermoide de cabeça e pescoço recorrente ou metastático submetidos a nivolumabe em segunda linha de tratamento e que progrediram a tal droga, o tratamento além da progressão pode ter algum benefício.
Após a progressão inicial, 15 (24%) pacientes apresentaram redução no tamanho da lesão-alvo e três deles uma redução maior que 30%. Dos 15 respondentes, oito eram positivos para o Papilomavírus Humano (HPV), cinco tinham expressão de PD-L1 ≥1% e cinco haviam mostrado aumento maior que 20% na lesão-alvo na primeira progressão.
Um estudo fase 1 (1044O) de atezolizumabe como monoterapia na doença metastática mostrou bom perfil de segurança e resultados promissores em termos de resposta e sobrevida. Durvalumabe, em estudo de fase 2 (1042O), apresentou atividade antitumoral promissora e boa tolerância no tratamento de pacientes com carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço recorrente ou metastático com alta expressão de PD-L1. Estudos de fase 3 de durvalumabe com ou sem tremelimumabe (anti-CTLA-4) estão atualmente em curso.
Além disso, o estudo Keynote-040 (LBA45_PR), fase 3, concluiu que pembrolizumabe pode ser uma opção para pacientes com câncer de cabeça e pescoço recidivado ou metastático resistente a quimioterapia de primeira linha. A Dra. Aline Lauda explica que houve uma redução de 19% do risco de morte e, apesar de não ter atingido significância estatística, a diferença clínica foi elogiada pelos debatedores.
“A conclusão deste congresso é que a imunoterapia para doença metastática em cabeça e pescoço veio para ficar; está consolidada na segunda linha após a cisplatina. Se virá para a primeira linha combinada com a quimioterapia ou na adjuvância, outros estudos ainda em andamento responderão”, afirma a oncologista clínica.
Câncer de mama
O grande impacto em termos de nova droga para câncer de mama no ESMO 2017 foi o abemaceclibe, inibidor de CDK4/6. O Dr. Gilberto Amorim, diretor da SBOC, explica que o medicamento é o terceiro de uma classe que, de fato, chegou para ficar na oncologia mamária. Para pacientes sem tratamento prévio ou que tiveram recidiva tratada havia mais de um ano, a taxa de resposta passou de 60%. Entre os que receberam a droga associada ao inibidor de aromatase, o benefício clínico é próximo de 80%.
Segundo o especialista, os novos dados sugerem também que pacientes com recidiva muito tardia ou doença óssea isolada talvez não precisem dos inibidores de CDK4/6 e possam ser tratados com os anti-hormonais de forma isolada. O estudo em questão é o Monarch-3, de fase 3 (236O_PR).
O Dr. Gilberto Amorim gravou dois vídeos com outros comentários sobre o melhor do ESMO 2017 em câncer de mama e questões mais gerais. Confira clicando abaixo: