Após mais de três meses de desafios e sete casos clínicos, chegou ao fim a Gincana Nacional da Oncologia para Acadêmicos 2023. A primeira colocada geral foi Mariele Luana Hörz, que cursa Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na sequência, ficaram Lucas Arthur da Silva, da Universidade Anhembi Morumbi de Piracicaba (SP), e Pedro Lucas Damascena Miranda, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
“A iniciativa da SBOC torna possível que centenas de estudantes de todo o Brasil tenham contato com questões específicas de oncologia clínica ainda durante a graduação. Dessa forma, ajudamos não apenas na formação destes acadêmicos, como criamos uma rede de interessados na especialidade. É uma felicidade notar a satisfação e a participação massiva na Gincana”, comenta Dr. Alexandre Jácome, diretor da Escola Brasileira de Oncologia (EBO).
Os casos apresentados semanalmente são elaborados por associados da SBOC que voluntariamente disponibilizam seu tempo para colaborar com a disseminação de conhecimento oncológico para os jovens profissionais. Em 2023, participaram: Dra. Marcela Crosara (Câncer colorretal); Dr. Vitor Fiorin (Predisposição hereditária); Dra. Rayssa Sena (Cuidados paliativos); Dr. Paulo Henrique do Amor Divino (Emergências oncológicas); Dra. Carolina Vieira (Prevenção de câncer); Dr. Luiz Maia (Câncer de pulmão); e Dr. Matheus Guimarães (Câncer de próstata).
Os três melhores colocados da Gincana receberão pacote completo (inscrição, hospedagem e passagem) para participar do Congresso SBOC 2023, que acontece entre 16 e 18 de novembro de 2023, no Rio de Janeiro (RJ). O segundo e o primeiro colocados também ganharão um ano gratuito como associado SBOC para o próximo ano (mediante conclusão da graduação). A grande vencedora receberá, ainda, o livro “Tratado de Oncologia”.
Os vencedores
A primeira colocada da Gincana Nacional da Oncologia para Acadêmicos é presença constante na iniciativa. “Eu participo desde a primeira edição, em 2020. Sempre tive grande afinidade com a oncologia e chego ao 9º semestre cada vez mais encantada com essa área. Ao longo das edições, pude aprender muito sobre diferentes tópicos, com grande relevância para a prática médica”, relata Mariele.
Nestes anos, ela pôde observar não só a evolução da especialidade, mas a sua própria. “Foi incrível perceber como evolui na compreensão dos casos clínicos e como aprendi onde encontrar as melhores fontes e diretrizes para estudar. A Gincana é uma iniciativa única que estimula o interesse nessa área tão ampla e importante, e convida os acadêmicos a interagirem com essa especialidade que ainda não é tão presente nas faculdades de medicina.”
Seu interesse foi tão grande que a Gincana tornou-se parte da rotina: “A cada dia em que saia uma nova questão, eu reservava tempo para revisar diretrizes e ver atualizações sobre o tema proposto. Foi uma atividade que afirmou ainda mais o meu interesse pela oncologia e me ajudou a estruturar melhor vários conhecimentos que serão de grande utilidade para a prática médica. Agradeço a SBOC pela oportunidade!”, diz.
O segundo colocado da Gincana também faz questão de parabenizar a entidade. Para Lucas Arthur, a Sociedade, por meio desta atividade, promove e difunde conhecimentos sobre a oncologia entre os estudantes. Ele próprio afirma que a sua participação aprofundou seus conhecimentos na prática clínica da especialidade e o manteve atualizado nas mais recentes diretrizes.
Não foi a sua primeira participação. “Na edição passada, não alcancei o resultado desejado. Foi então que foquei e me preparei para este ano. O ano passado serviu como base para entender o nível de complexidade das perguntas e como escolher a melhor resposta. Nesta edição, foquei em estudos e pesquisas e determinei uma rotina de horários para responder às questões”, detalha o estudante.
A prioridade dada à Gincana interrompeu até mesmo seus momentos de lazer. “Foram compromissos remarcados e durante a minha viagem de férias, em julho, eu parava tudo que estava fazendo às 20h para poder responder as perguntas. A Gincana me proporcionou, assim, um enriquecimento teórico e me fez querer ainda mais seguir na oncologia no futuro.”
Para o terceiro colocado, Pedro Lucas, participar da Gincana Nacional da Oncologia para Acadêmicos foi uma experiência única. “Analisar os casos de diversos tipos de pacientes e suas particularidades incentivou o pensamento crítico baseado em evidências na área oncológica.”
Durante a graduação na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, o acadêmico cursou uma disciplina em oncologia que lhe proporcionou uma base de conhecimentos neste campo. “Com a Gincana, pude colocar em prática os conhecimentos adquiridos e aprofundar em temas específicos. Tenho certeza de que me tornarei um profissional melhor após essa experiência”, comenta.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) promove, até 24 de outubro, a Consulta Pública (CP) Nº 118, recebendo contribuições para as recomendações preliminares relacionadas às propostas de atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde.
A tecnologia avaliada em oncologia é:
Abemaciclibe associado à terapia endócrina
O mês de outubro é dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, um dos mais frequentes entre as mulheres. Maior representante dos médicos oncologistas clínicos no país, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce na cura do câncer de mama.
Segundo projeções do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 74 mil novos casos de câncer de mama devem ocorrem no país por ano, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Entre os recursos aliados para a detecção precoce do câncer de mama, está a mamografia – exame que gera imagens de alta qualidade capazes de revelar a existência de sinais iniciais da doença. O exame, geralmente, é indicado para mulheres a partir dos 40 anos, independente da presença de sintomas. “Quando se detecta alterações pré-malignas e tumores mamários muito pequenos, o que é possível a partir da mamografia, as chances de cura do câncer de mama são de aproximadamente 90%, se tratados precocemente”, explica Dra. Daniela Rosa, membro da diretoria da SBOC.
Apesar de a prática do autoexame ser recomendada porque possibilita à mulher conhecer o próprio corpo e perceber possíveis alterações, ela não pode ser considerada uma medida preventiva contra o câncer de mama, porque quando um sinal de alteração na mama é visível, isso significa que a doença possivelmente está em um estágio mais avançado, alerta a especialista.
Também coordenadora do Comitê de Tumores Mamários da SBOC, Dra. Daniela Rosa lembra que, quando um dos sinais da doença se apresenta, o exame de mamografia deve ser realizado o mais rápido possível: “Nesta fase, não se trata mais de um rastreamento, mas sim de um diagnóstico rápido e eficiente para que o tratamento adequado seja colocado em prática o quanto antes”.
Sintomas
Os sinais (alterações físicas) e os sintomas (o que pode ser sentido, como desconforto por exemplo, mas nem sempre é visualizado) do câncer de mama podem variar de mulher para mulher. Na maioria das vezes, o câncer de mama se manifesta como um nódulo, que pode ser percebido ao palpar a mama, ou pode ser detectado nos exames de imagem (mamografia e ultrassonografia mamária).
Com menos frequência, pode haver:
Na maioria dos casos, nódulos que aparecem nas mamas não são câncer. Entretanto, é muito importante a investigação de um especialista quando qualquer tipo de alteração na mama apareça.
Tratamento
Após a confirmação do diagnóstico de câncer de mama, são necessários exames adicionais para determinar a extensão da doença. Essa investigação permite um diagnóstico mais preciso para que o melhor tratamento seja estabelecido. Alguns exames podem, por exemplo, determinar se o câncer se restringe apenas à mama ou se já se disseminou para outras regiões, como os linfonodos axilares, metástases em órgãos distantes, como ossos, pulmões e fígado, entre outros.
A sequência do tratamento do câncer de mama é individualizada, variando de acordo com as características de cada paciente. Pode-se optar por iniciar o tratamento com cirurgia, quimioterapia, hormonioterapia ou uma combinação de quimioterapia com medicamentos conhecidos como anticorpos monoclonais, dependendo de vários fatores. “Essa decisão leva em consideração o tamanho do câncer de mama, sua localização, e o tipo de células que compõem o tumor, incluindo a expressão de receptores de estrogênio, progesterona e o receptor HER2 na superfície das células neoplásicas”, sinaliza a Dra. Daniela.
Novos tratamentos
A especialista confirma o avanço significativo nas pesquisas científicas para novos tratamentos contra o câncer de mama. Entre eles, estudos clínicos realizados nos últimos cinco anos que têm contribuído para a introdução de medicamentos altamente eficazes no mercado, tanto para o tratamento precoce como para estágios mais avançados da doença.
“Merecem destaque os inibidores de ciclina, as drogas com anticorpos inibidores de PARP e a imunoterapia. Todas essas classes de tratamentos já estão aprovadas para uso em cenários específicos no tratamento do câncer de mama”, comenta.
“Esses desenvolvimentos promissores estão oferecendo novas esperanças aos pacientes e ampliando as opções terapêuticas disponíveis”, complementa a diretora da SBOC.
Outubro Rosa
O Outubro Rosa, um movimento global para a conscientização sobre a detecção precoce do câncer de mama, teve sua origem no início da década de 1990. Esse importante movimento ganhou vida com o lançamento do símbolo da prevenção do câncer de mama, o laço cor-de-rosa, pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. Esse icônico laço foi distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, nos Estados Unidos, e desde então, essa iniciativa é promovida anualmente.
Aula apresentada pelos ex-presidentes da SBOC Dr. Gustavo Fernandes (Gestão 2015-2017) e Dra. Clarissa Mathias (Gestão 2017-2019) durante o evento "Terminei a Residência: e Agora", realizado em 23 de setembro, em São Paulo (SP).
Folha de S. Paulo: Conhecimento sobre câncer de mama é menor entre mulheres pretas e pardas, diz Datafolha
A disseminação do conhecimento sobre câncer de mama já atinge 9 em cada 10 (97%) mulheres no país, das quais 69% se consideram bem informadas e 28% mais ou menos informadas. Porém, essas taxas caem entre as mulheres negras, com até o ensino fundamental completo, e das classes D e E, nas quais os índices daquelas que se consideram menos informadas sobre o câncer de mama são maiores. As mulheres pretas (28%) e pardas (33%) relatam mais dificuldade para obter informação sobre câncer de mama em comparação às brancas (20%).
"Essa pesquisa foi muito clara em mostrar como essa população que tem menor escolaridade, menor renda, e que tem essa coincidência que obviamente não é uma coincidência, ser a população negra, tem menor acesso à informação", avaliou Dra. Ana Amélia Viana, membro do Comitê de Diversidade da SBOC.
O Trimodal é uma série de eventos online com discussão multidisciplinar em oncologia, promovidos em conjunto por SBOC, SBRT e SBCO.
O Trimodal é uma série de eventos online com discussão multidisciplinar em oncologia, promovidos em conjunto por SBOC, SBRT e SBCO.
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O Trimodal é uma série de eventos online com discussão multidisciplinar em oncologia, promovidos em conjunto por SBOC, SBRT e SBCO.
Na última quarta-feira, 20 de setembro, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) foi representada por Dra. Laura Testa (membro do Comitê de Tumores Mamários) em audiência pública da Câmara dos Deputados sobre a incorporação de medicamentos para tratar o câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS).
O evento foi convocado pela vice-presidente da Comissão de Saúde da Casa, a deputada federal Silvia Cristina. Segundo a parlamentar, a motivação da discussão foi um relatório recente da Controladoria-Geral da União que apontou como 624 dias o prazo médio decorrido entre a data de incorporação do remédio e a efetiva disponibilidade para os pacientes.
Sobre a participação da SBOC em fóruns de incorporação, Dra. Laura Testa detalhou algumas das formas como esse apoio é prestado. Uma delas são as Diretrizes SBOC. “Na Sociedade, somos divididos em comitês especializados. Avaliamos anualmente todas as evidências científicas, as atualizamos e publicamos em forma de diretrizes de recomendações”, detalhou.
Em relação aos medicamentos para o tratamento de tumores mamários, a especialista ressaltou que eles têm sido e serão mais necessários do que nunca, dado o fato de que – desde a pandemia de Covid-19 – as mulheres são diagnosticadas cada vez mais em estadios avançados do câncer.
Parte do que tem impedido o efetivo acesso do tratamento no SUS, explicou Dra. Laura, é a falta de financiamento, afinal, uma nova incorporação não gera uma atualização nos valores de procedimentos da Tabela SUS. Segundo um dos exemplos apresentados, a partir de levantamento da SBOC, o valor mensal repassado para o tratamento com inibidores de ciclinas é de R$ 2.376,90, enquanto o custo real é de R$ 12.896,40.
“Hoje, o valor da APAC [modelo de financiamento de tratamentos oncológicos] é incompatível. Por isso, a SBOC tem um documento propondo outros mecanismos além dela. Cito aqui apenas a compra centralizada, um recurso de aquisição pelo Ministério da Saúde, que tem a logística de repassar isso para os serviços de saúde. Nossa experiência em câncer de mama, é que a compra centralizada funciona”, completou Dra. Laura.
Também participou da mesa a diretora da Sociedade, Dra. Angélica Nogueira. A oncologista clínica apresentou um panorama dos números e dos tratamentos de câncer de mama no Brasil e lembrou que o SUS não recebe atualização de tratamentos para câncer de mama hormonal há 20 anos – este é o tipo mais comum da doença, afetando 70% das pacientes.
“Apesar de toda a revolução no tratamento oncológico, o SUS está parado com essas incorporações. Temos que trazer esse importante grito: uma medicação aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) não pode não ter sua viabilização organizada para que o medicamento chegue aos pacientes”, afirmou Dra. Angélica.