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Equipe Grano

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Nesta quinta-feira, 1º de junho, Dr. Alexandre Jácome, diretor da Escola Brasileira de Oncologia (EBO), representou a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) em audiência sobre o financiamento e a organização da política de oncologia no Brasil, organizada em conjunto pela Comissão Especial Destinada a Acompanhar as Ações de Combate ao Câncer no Brasil e pela Comissão da Saúde do Congresso Nacional.

O oncologista clínico ressaltou, no começo de sua exposição, que o câncer não é mais sinônimo de queda de cabelo, náuseas e vômitos e de doença terminal, como foi em parte das décadas de 1980 e 1990. Atualmente, após mais de 30 anos de evolução da ciência, há um cenário em que muitos dos pacientes são curáveis e podem ter qualidade de vida mesmo após o diagnóstico da doença.

“Temos a tecnologia que permitiu isso disponível na nossa saúde suplementar. Mas queremos que esse acesso seja distribuído de maneira mais uniforme e equânime no país”, ponderou Dr. Jácome. “Sabemos que os gestores têm recursos finitos e tomam decisões difíceis, por isso é importante entenderem que a terminalidade não é exclusividade do câncer. O estigma que rodeia essa doença precisa mudar. Hoje, cerca de um terço do desenvolvimento terapêutico mundial é representado por tratamentos oncológicos, estamos apenas no começo da discussão”, completou.

Na sequência, o diretor da SBOC repassou algumas legislações sobre o financiamento da oncologia brasileira e comentou o artigo “Diferenças no tratamento sistêmico do câncer no Brasil: meu SUS é diferente do teu SUS”, publicado pela Brazilian Journal of Oncology. Trata-se de um estudo importante para evidenciar como as diferentes composições do financiamento da oncologia podem resultar em tratamentos distintos para os pacientes.

Dr. Jácome mostrou, ainda, como diversos medicamentos oncológicos já incorporados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) não chegam ao paciente final, seja por falta de uma aquisição centralizada da droga, seja pelo baixo valor repassado para os serviços de saúde, muito abaixo do preço praticado pelo mercado.

Por fim, com base na realidade e nos desafios discutidos, Dr. Jácome apresentou aos parlamentares a proposta da SBOC para garantir o efetivo acesso a antineoplásicos incorporados ao Sistema Único de Saúde. Este é um documento construído pela Sociedade e que contou com as contribuições enviadas pelos participantes da Conferência Livre de Oncologia Clínica.

“Propomos aqui um algoritmo decisório. Se o antineoplásico tiver um único fabricante, propomos que haja uma compra centralizada, pois provavelmente pelo volume de recursos, levaria a menor custo em relação à compra individual. Também minimizaria a chance de intercambialidade de medicamento. Já nos casos em que há mais de um fabricante, propomos uma compra descentralizada, pois há uma possibilidade maior de redução de custos”, explicou o oncologista clínico.

Além do Dr. Jácome, estiveram presentes autoridades como os parlamentares Flávia Morais e Weliton Prado, o vice-presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), Dr. Angelo Maiolino, o representante do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, René José Moreira dos Santos, a representante da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer do Ministério da Saúde, Patrícia Gonçalves dos Santos, entre outras.

Segundo o presidente da SBOC, uma das maneiras de combater o tabagismo é através da divulgação e da conscientização. Iniciativas como a campanha da OMS, que muitos governos assumiram, têm impactos na conscientização e, especialmente hoje, na conscientização dos jovens. “Porque a nossa grande preocupação hoje, como médicos, é com o tabagismo na população jovem que, apesar das campanhas antitabagismo, vem crescendo muito, principalmente pelo uso do cigarro eletrônico”.

Além disso, ele citou os impactos ambientais do tabagismo. “Provavelmente, o impacto para o meio ambiente e a humanidade é muito maior do que, até então, a gente levava em consideração”, disse na entrevista.

Confira a matéria publicada na íntegra aqui.

Em 1987, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu que o 31 de maio passaria a ser considerado o Dia Mundial Sem Tabaco. A data tem por objetivo conscientizar a população sobre os riscos à saúde relacionados ao consumo de tabaco. Abandonar o tabagismo é um desafio, e para deixar o vício, fumantes optam por estratégias diversas, entre elas o uso de dispositivos eletrônicos, conhecidos como “vapes” ou “pods”, que foram introduzidos ao mercado como uma estratégia para substituição ao cigarro tradicional.

No entanto, segundo o coordenador do Comitê de Tumores Torácicos da SBOC, Dr. William Nassib William Junior, o uso dos cigarros eletrônicos não é seguro, especialmente para adultos jovens ou mulheres grávidas, uma vez que a presença de nicotina nesses dispositivos pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro em indivíduos com menos de 20 anos de idade.

De acordo com o estudo Risco de iniciação ao tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos: revisão sistemática e meta-análise, conduzido pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer) e publicado em 2022, o uso de cigarros eletrônicos aumenta mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro tradicional. “Além de não ser um método seguro para quem quer parar de fumar, os cigarros eletrônicos também causam dependência, acarretando uma série de outros problemas de saúde”, explica o especialista.

Proibição no Brasil

Desde 2009, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a fabricação e a comercialização de cigarros eletrônicos no Brasil, o que torna o produto ilegal no país. Sem a regulamentação, não há fiscalização sobre a composição, procedência ou até mesmo a segurança para o uso de cigarros eletrônicos.

De acordo com pesquisa recente apresentada pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), mais de 2 milhões de brasileiros afirmaram ter usado o dispositivo com o objetivo de deixar o cigarro tradicional, e outros 6 milhões de pessoas fumantes disseram já ter experimentado o cigarro eletrônico em algum momento.

Relação entre cigarro eletrônico e câncer

Dr. William William Junior explica que a quantidade de substâncias tóxicas no cigarro eletrônico é menor do que no cigarro tradicional. No entanto, o efeito desses componentes a longo prazo não é conhecido. Como o cigarro eletrônico pode ser socialmente mais aceito, não se sabe se a frequência maior de uso do cigarro eletrônico pode acabar sendo danosa a longo prazo também. A curto prazo, além dos efeitos deletérios da nicotina, o cigarro eletrônico pode provocar inflamações severas nos pulmões.

“Ainda não foi estabelecida uma relação direta entre o uso de cigarros eletrônicos por jovens e o desenvolvimento de câncer. Entretanto, é importante destacar que diversas substâncias presentes nos cigarros eletrônicos são conhecidas por serem cancerígenas”, comenta o coordenador do Comitê de Tumores Torácicos da SBOC. “Embora a quantidade dessas substâncias seja aparentemente menor em comparação com os cigarros tradicionais, isso não significa que os cigarros eletrônicos sejam seguros”, acrescenta.

Entre os principais problemas de saúde associados ao uso desses dispositivos estão a inflamação nos pulmões, o atraso no desenvolvimento cerebral (devido à presença de nicotina) e a dependência química causada pela nicotina.

O oncologista clínico recomenda que aqueles que desejam parar de fumar busquem orientação médica: “Atualmente, existem diversas opções, tanto não medicamentosas quanto medicamentosas, que podem ser muito úteis no auxílio para abandonar o hábito. Ter apoio profissional pode significar aumentar as chances de sucesso nesse processo”.

Nesta quinta-feira, 18 de maio, o representante regional da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) em Minas Gerais, Dr. Flávio Silva Brandão, esteve na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para uma sessão especial que debateu o descumprimento, no estado, da lei que garante aos pacientes a realização de exames para confirmar diagnóstico de câncer em até 30 dias.

O oncologista clínico iniciou lembrando que o cuidado ao câncer deve ser visto de maneira multidisciplinar, indo além dos médicos especialistas. “O atendimento ao paciente oncológico é uma jornada. São várias maneiras de prevenção para chegar ao diagnóstico precoce, quando é feito antes de o paciente ter sintoma. Temos uma série de exames de rastreamento para isso”, comentou.

Exemplificando, Dr. Flávio focou na atenção ao colo de útero, uma doença que pode ser prevenida e ainda assim conta com alta incidência e mortalidade. “Antes, a prevenção já era possível através da citologia do colo uterino. Agora, temos a vacina [de HPV]. É assustador como a cobertura vacinal caiu depois que a imunização saiu das escolas e foi para os postos de saúde. Um bom objetivo seria erradicarmos esse câncer no nosso estado”, disse.

Em sua fala, o representante da SBOC também enalteceu a figura dos agentes comunitários que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS), recentemente reconhecidos em reportagem da inglesa BBC, segundo seu relato. Estes profissionais são indivíduos, normalmente, da própria região dos postos de atendimento e conhecem a realidade e as demandas dos pacientes, com alta capilaridade.

“Se bem treinados, eles podem fazer com que consigamos cumprir a Lei dos 30 dias, auxiliando na navegação do paciente. Percebemos no nosso dia a dia que muitos pacientes são diagnosticados em estadios avançados, quando a cura é muito mais difícil. Isso ocorre devido a um sistema de saúde complexo, difícil de marcar exames e de encontrar o profissional adequado. Ter alguém para direcioná-los seria ótimo”, completou o oncologista.

Confira a participação de Dr. Flávio na íntegra.

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) realiza na próxima segunda-feira, 15 de maio, a Conferência Livre de Oncologia Clínica. O evento tem por objetivo deliberar uma proposta coletiva para 17ª Conferência Nacional de Saúde sobre acesso ao tratamento oncológico no Sistema Único de Saúde (SUS).

Durante o encontro virtual, além de membros da SBOC, estarão presentes representantes do Ministério da Saúde, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), de associações de pacientes oncológicos, de hospitais públicos, de detentores de registros de medicamentos, entre outros interessados no tema.

Por reconhecer a importância que as Conferências Nacionais de Saúde têm na formulação de diretrizes para políticas públicas no setor, a SBOC decidiu intensificar a sua participação nessa iniciativa, explica o presidente da entidade, Dr. Carlos Gil Ferreira.

“A partir da Conferência Livre de Oncologia Clínica, pretendemos ampliar as discussões sobre o que poderia ser feito para corrigir falhas regulatórias que tem gerado a iniquidade no acesso a tratamentos sistêmicos oncológicos no SUS”, comenta. “A SBOC, por ser uma instituição independente e composta por especialistas de todo o país, tem ótimas condições de liderar esse debate”, acrescenta o oncologista clínico.

As Conferências Livres são debates que antecedem a Conferência Nacional de Saúde – evento que acontece apenas uma vez a cada quatro anos e é considerado um dos espaços mais importantes de diálogo entre governo e sociedade.

A 17ª edição da Conferência Nacional de Saúde será realizada de 2 a 5 de julho de 2023 pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), juntamente com o Ministério da Saúde.

Como participar da Conferência Livre de Oncologia Clínica?

A primeira Conferência Livre de Oncologia Clínica acontecerá virtualmente por meio de plataforma eletrônica a ser disponibilizada aqui no site da SBOC no dia do evento.

A ampla participação no evento é fundamental para a validação das ações propostas. Durante o encontro virtual, os participantes poderão, além de discutir e contribuir com o documento final a ser enviado pela SBOC ao Conselho Nacional de Saúde, eleger delegados que irão representar a oncologia clínica na Conferência Nacional de Saúde.

Para direcionar as discussões, a SBOC produziu um documento com propostas para garantir o efetivo acesso a antineoplásicos incorporados ao SUS. Caso queira comentar ou adicionar algo ao documento, acesse aqui.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Espiritualidade em Oncologia

Lives Terça, 09 Maio 2023 19:34

Qual a importância da espiritualidade no cuidado oncológico? Reflexões para esta e outras perguntas foram destaque nesta live produzida pela SBOC com as participações de Dra. Angélica Nogueira, Dra. Clarissa Mathias, Dr. Diego de Araújo Toloi e da convidada mais que especial Monja Coen. O evento, realizado em 05 de abril de 2023, marcou o lançamento do guia inédito “Espiritualidade em Oncologia”. Acesse aqui.

Terminou no último sábado (29 de abril), em Buenos Aires, na Argentina, o ESMO Summit Latin America 2023. Durante o evento, que teve o presidente da SBOC, Dr. Carlos Gil Ferreira, como co-chair, foi anunciado que o Brasil será o próximo país a receber esse encontro regional da European Society for Medical Oncology (ESMO), previsto para acontecer no primeiro semestre de 2024.

A ideia de um encontro da ESMO na América Latina surgiu da necessidade de apresentar à comunidade local as principais novidades e avanços discutidos durante o Congresso da entidade europeia, bem como revisar e debater os padrões e os tratamentos do câncer cruzando as perspectivas locais e internacionais.

Neste ano, Dr. Carlos Gil e Dra. Daniela Rosa, membros da atual diretoria da SBOC, ganharam destaque no evento, apresentando aulas, respectivamente, sobre a caracterização molecular em câncer de pulmão não pequenas células e o manejo de toxicidades de anticorpos monoclonais droga-conjugada (ADCs).

Essa será a segunda vez que o Brasil sediará o evento, tendo o recebido em 2019 na cidade de São Paulo, também em realização conjunta entre SBOC e ESMO. Além de Buenos Aires (Argentina) e da capital paulista, o encontro já foi realizado na Cidade do México.

No esforço de proliferar o conhecimento oncológico além da Europa, a ESMO também organizou, nos últimos anos, summits em cidades da África, do Oriente Médio e da Ásia, respectivamente, na Cidade do Cabo (África do Sul), em Dubai (EAU) e em Penang (Malásia).

Na última quinta-feira, 26 de abril, a Frente Parlamentar de Combate ao Câncer Infantil foi lançada em cerimônia realizada na Câmara dos Deputados com a presença de diversos parlamentares, profissionais de saúde, familiares de pacientes e representantes de organizações da sociedade civil. O deputado federal Bibo Nunes será o presidente do grupo.

Durante o evento, o congressista ressaltou a urgência de uma abordagem abrangente e integrada para o enfrentamento do câncer infantil, envolvendo o governo, a sociedade, a comunidade médica e as famílias das crianças afetadas.

Ele também destacou a importância de ampliar o acesso ao diagnóstico precoce, a um tratamento adequado, aos cuidados paliativos e ao suporte psicossocial para os pacientes. O parlamentar mencionou, ainda, a necessidade de promover ações de prevenção sobre o câncer infantil, principal causa de morte por doença em crianças e adolescentes de 1 a 19 anos.

Em março, a o Congresso Nacional já havia estabelecido as novas Frentes Parlamentares Mistas em Prol da Luta Contra o Câncer; em Prol do Combate às Doenças Cardiovasculares; e em Prol da Saúde 4.0 e do Acesso e Uso Racional de Equipamentos e Dispositivos Médicos (MedTec); que atuarão de formada conjunta em um movimento intitulado “Unidos pela Vida”.

Um estudo publicado em março pela American Cancer Association estima que o número de diagnósticos de câncer colorretal nos EUA em 2023 chegará a 153 mil. Cerca de 13% desses casos serão de pessoas com menos de 50 anos, o que representa um aumento de 9% dos casos nessa faixa etária desde 2020.

Alexandre Jácome, oncologista clínico e diretor da SBOC confirmou em entrevista o aumento de casos de pacientes mais jovens com câncer de colo e reto em seu consultório. O especialista destacou a importância de mais estudos sobre o tema para a realidade nacional: "Ao que tudo indica, esse fenômeno não está restrito aos Estados Unidos. Ele atinge países da Europa, países do Norte e alguns países da América Latina. Mas, no nosso meio, a gente ainda carece de dados".

Confira a reportagem na íntegra no site da Folha de S. Paulo

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